O Edifício Martinelli foi o primeiro arranha-céu da América Latina
O Edifício Martinelli foi o primeiro arranha-céu da América Latina
Nós, do portal Comércio São Paulo, continuamos nossa análise sobre os marcos que definiram a vocação comercial e a paisagem de nossa cidade. Olhar para o céu do centro antigo de São Paulo é se deparar com um pioneiro audacioso: o Edifício Martinelli.
Antes dos espigões da Paulista e da Faria Lima, foi este colosso de inspiração europeia que rasgou o horizonte e simbolizou a ambição de uma metrópole em plena ascensão. Ele não foi apenas um prédio alto; foi uma declaração de que São Paulo estava pronta para se medir com as grandes capitais do mundo, sendo o primeiro arranha-céu de toda a América Latina.
O Sonho Vertical: A Saga de um Comendador Ítalo-Brasileiro
A história do Martinelli é a própria saga de seu idealizador, o Comendador Giuseppe Martinelli. Chegando ao Brasil com poucos recursos, ele construiu um império nos ramos de navegação e construção. No auge de seu sucesso, na década de 1920, ele decidiu erguer um edifício como nunca se vira na cidade.
O projeto inicial previa 12 andares, mas a ambição de Martinelli, somada à rivalidade com outros empresários, o fez subir para 14, depois 18, e assim por diante, até chegar aos impressionantes 30 andares (incluindo a residência do comendador no topo), alcançando 130 metros de altura em 1934.
Sua construção foi uma epopeia de engenharia, enfrentando desconfiança pública e desafios técnicos. Muitos paulistanos temiam que a estrutura não aguentasse e desabasse.
Para provar a segurança de sua obra-prima, o Comendador Martinelli e sua família se mudaram para uma suntuosa mansão construída no topo do prédio, uma jogada de marketing que entrou para a história e acalmou os ânimos da população, consolidando o edifício como um marco de progresso e segurança.
Análise Comparativa: O Martinelli em Duas Épocas
Momentos Emblemáticos da História do Martinelli
- A Prova de Fogo do Comendador: A já citada construção da mansão de cinco andares no topo do edifício é o maior estudo de caso de sua história. Com um jardim suspenso e acabamento luxuoso, a “Casa do Comendador” foi a cartada final para vencer a desconfiança sobre a segurança estrutural do primeiro arranha-céu da América Latina, um ato de coragem que misturou moradia e marketing de forma genial.
- O Auge como Centro Social e Político: Nas décadas de 30 e 40, os corredores do Martinelli fervilhavam com o poder. Além de abrigar o luxuoso Cine Rosário, o edifício foi sede de clubes como o Palmeiras (então Palestra Itália) e a Portuguesa, e de partidos políticos. Grandes decisões e articulações que moldaram São Paulo e o Brasil aconteceram em seus salões e escritórios.
- A Decadência e a Retomada pelo Poder Público: Após seu apogeu, o Martinelli sofreu um longo período de decadência a partir dos anos 60, chegando a se tornar uma gigantesca favela vertical. A situação se tornou insustentável até que, em 1975, o prefeito Olavo Setúbal o desapropriou. Uma grande reforma foi iniciada, culminando em sua reinauguração em 1979 e na sua transformação em um prédio majoritariamente administrativo da prefeitura, garantindo sua sobrevivência e manutenção.
FAQ: Desvendando o Gigante do Anhangabaú
- O Edifício Martinelli ainda é o mais alto de São Paulo? Não. Ele foi superado ainda em 1947 pelo Edifício Altino Arantes (Banespão). Hoje, não figura nem entre os 20 mais altos da cidade, mas mantém seu pioneirismo histórico e seu valor arquitetônico.
- É possível visitar o topo do Martinelli? Sim. O mirante no 26º andar é aberto à visitação pública e gratuita, oferecendo uma das vistas mais clássicas do centro de São Paulo. A visitação costuma ocorrer em dias úteis e é um dos passeios mais procurados por turistas e paulistanos.
- Qual o estilo arquitetônico do Edifício Martinelli? Sua arquitetura é uma rica mistura de estilos. A base tem fortes influências da arquitetura neoclássica e da renascença italiana, enquanto o corpo do edifício e o topo dialogam com o Art Déco, que estava em voga na época. A fachada é notoriamente ornamentada.
- O que funciona no prédio hoje? Atualmente, o Edifício Martinelli abriga diversas secretarias e órgãos da Prefeitura de São Paulo, como a Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia (SMIT) e a COHAB-SP, além de alguns escritórios e lojas no térreo.
A trajetória do Edifício Martinelli é uma lição sobre visão, pioneirismo comercial e os ciclos de transformação urbana. De símbolo máximo de opulência a um retrato da decadência e, finalmente, a um marco histórico resgatado, o primeiro arranha-céu da América Latina continua a ser um pilar fundamental na identidade e na história do comércio e da administração de São Paulo.
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